Ao ver a capa do meu primeiro livro, você pode ter se questionado ou estar se questionando: quem é essa tal Ellen? Ouvi essa pergunta várias vezes assim que as pessoas passaram a ter contato com essa novidade. Confesso que, até o momento de divulgação, nunca havia me feito essa pergunta, mas é óbvio que as pessoas mais chegadas queriam saber se Ellen foi alguém que passou pela minha jornada. Aliás, será que alguém zapeou minhas redes sociais usando a palavra-chave Ellen?
Para quem ainda não leu o livro, nada mais justo que ter contato com um singelo fragmento da história, que está logo abaixo:
“Ser uma pessoa inerte tem vantagens e desvantagens. Sou do tipo que, para não sofrer, prefere viver sozinho — concepção, por vezes, confundida com estar alheio ao mundo, em total desinteresse. Pouca gente me entende, e já desisti de mostrar meu lado. Inclusive, amigos deixaram de falar comigo por conta desse pessimismo e porque o discurso repetitivo cansa. Sim, eu sei que cansa. Outros já me falaram que é frescura, algo só para chamar a atenção.
A real é que eu nunca soube dizer o porquê de ser assim. Ou melhor, por que já fui assim. Lá no fundo da alma, por intuição ou autossugestão, sinto que meu destino, muito antes da consciência do que significa o termo “destino”, já está traçado, não importando o que eu faça. A força e a consistência desse pensamento são tão grandes que nunca dei espaço para conhecer alguém de verdade. Até ela aparecer.
Ellen.
Paixão à primeira vista. Olhos delineados, puxados, escuros e ressaltados por sua pele branca e amanteigada. Até conhecê-la, não achava que essa coisa de paixão, amor, atração repentina ou quaisquer outros sinônimos existissem. A lei da física — válida também para a lei dos sentimentos — que fala sobre inércia, não deixa margem para dúvidas: quando há uma força externa entrando em contato com um agente parado, ele tende a se movimentar.
Ellen.
Antes de saber que ela entrava no trabalho às 8 horas, saía às 17h48 e que só precisava de dois pontos de ônibus para chegar à sua casa, já estava apaixonado. Segundos. Eu só precisei tentar fazer ser visto para transformar esses segundos em eternidade. Ou algo próximo a isso.
Destino.
Um dia, tomei coragem para lhe perguntar que horas eram, mesmo vendo que os ponteiros marcavam 17h50, quase 17h51. Também já sabia que ela não tinha relógio, mas precisava partir de algum ponto que levasse a outros caminhos e outras descobertas, como o universo em expansão com base na teoria do Big Bang.
Percebi que ela me olhava um pouco, mesmo que com o canto dos olhos. “O menino do relógio”, rotulou-me tempos depois. Passou a me observar mais vezes, fazendo acenos com a cabeça, depois, dando tchau do tipo miss. Ela podia. Óbvio que eu notava cada movimento seu, e, nessas horas, o coração sacudia tão alto quanto as barulhentas pulseiras que ela usava no braço esquerdo. Soube, depois, que seu hobby era dança do ventre, e, por admirar esse estilo, os acessórios passaram a fazer parte de suas vestes.
Não demorou para nos vermos quase todos os dias. Nossa conversa mais intimista, em princípio, ocorreu em um café perto de onde trabalhava. Soube que nesse lugar tinha chai indiano, bebida quente feita de leite, chá preto e especiarias, como cardamomo e canela. Ela amou, eu também, ainda mais quando colocava um pouco de pimenta.”
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