Dica de filme: Longa Jornada Noite Adentro

Bi Gan é um jovem cineasta chinês que tem promovido boas histórias, sendo para mim, de destaque, Longa Jornada Noite Adentro (2018) – há outro chamado Kaili Blues, que também é bem interessante. As opiniões em torno do filme são das mais diversas e não há consenso se é bom ou ruim. Para mim, é incrível.

O enredo é bastante simples. O personagem central é Luo Hongwu, que, por falecimento do seu pai e leitura do testamento, volta à cidade natal de Kaili, uma província montanhosa na China. Em seu regresso, acaba se lembrando de uma mulher misteriosa – e linda! –, sempre vestida de verde, que ele encontrou pelos caminhos da vida. Seu nome é Wan Qiwen.

Luo nunca conseguiu se esquecer dela e, por isso, na volta à cidade, tenta encontrá-la de alguma maneira. Ele realmente a amou e existe alguma chance de voltar a vê-la? Tornou Wan uma obsessão?

Bi Gan não aborda narrativa linear, e no longa é possível notar as idas e vindas, entre realidades e lembranças. Um trecho ainda no primeiro arco do filme sinteriza bem sua proposta, o que contribui para o espectador entender os desdobramentos e resoluções da trama.

“Ela estava sempre aparecendo e desaparecendo, misteriosa como aquela casa abandonada. Além de nossos encontros naquela sala inundada, sempre íamos ver filmes.

A diferença entre filme e memória é de que os filmes são sempre falsos. São compostos de uma série de cenas. Mas as memórias misturam mentiras e verdades, que aparecem e somem diante de nossos olhos.”

A atmosfera visual proporcionada por Bi Gan é deleite para quem ama estética. Por meio de cenários bem construídos em moldes oníricos, Luo parte em busca do seu amor em situações inesperadas, que jogam a trama sempre para frente, ainda que o personagem se atenha, muitas vezes, às lembranças do passado.

Em contrapartida, muitos críticos sinalizam que o cineasta se ateve bem mais aos elementos visuais do que a trama em si. Para quem já teve amores perdidos e situações de conflito nessa esfera da vida, sem dúvida pode se identificar com a história e contradizer esses críticos.

Abaixo, compartilho o trailer do filme para que você possa, talvez, interessar-se em assisti-lo.

Garanto que essa história pode, sim, te fazer enxergar o cinema chinês como um bom contador de histórias.

Nota: embora eu não tenha a intenção de debater elementos técnicos relacionados a áudio, vídeo, diálogos e outros, a segunda parte do filme é digna de aplausos, pois, durante pouco mais de 60 minutos, apenas uma câmera acompanha os desdobramentos do longa-metragem. É provável que os atores tenham treinado à exaustão para alcançar o efeito desejado. Enquanto o terceiro filme de Bi Gan não é lançado – está em desenvolvimento –, recomendo que assista esse. E, depois, veja Kaili Blues.

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