Os 10 livros de que mais gostei de ler em 2024

Ler é a minha terapia, assim como escrever. Passei a virada de ano lendo, inclusive. Quem sabe não terei alguma boa sorte, terminando um ano com leitura e iniciando o outro também na leitura?

Ao todo, li 28 livros de janeiro a dezembro. Gostaria de ler bem mais, de devorar um livro por semana, mas ainda não é possível. Conciliar trabalho, filhos (meus amados!), os deveres para com o lar e o lado social (esse está mais adormecido, confesso) é muito para mim. Vamos tentando, vamos.

Abaixo, está a lista dos dez livros que mais gostei de ler em 2024. Indico cada um deles sem medo de errar.

10º A Missão Encélado, de Brandon Q. Morris

Em 2031, foram detectados traços de atividade biológica numa das luas de Saturno, a Encélado. Seria o indício para a humanidade admitir a existência de vida em outros pontos do universo? Para isso, uma tripulação formada por pessoas de diferentes países partiu para descobrir o que tem nesse lugar gelado. Este é o primeiro de uma série de quatro livros de Brandon, que tem seguido muito bem a escola Arthur C. Clarke de ser.

Admiro demais a maneira a qual o escritor desenrola as tramas e cria infinitas possibilidades para os personagens. Não é simples criar uma narrativa verossível e com grande conhecimento científico. Para quem gosta de ficção científica e deseja ir além de Arthur C. Clarke e Isaac Asimov, recomendo as histórias criadas por Brandon. Ele lança ótimos livros todos os anos e já cheguei a ler algumas séries.

9º Através dos seus olhos, de Ana França e Luísa Borges

Cecília e Gael formam um casal no auge da paixão, com o fogo ardente de dias e noites sobre a cama. Contudo, será que eles estão preparados para uma forçada mudança de rotina e de cidade, devido à internação da filha dele?

Ao chegar à nova cidade, o casal não enfrenta apenas esse delicado momento, como também passa a conviver com a ex-mulher do rapaz, que não é uma pessoa fácil de lidar. Porém, será que tudo o que eles enfrentam é real ou apenas mera fantasia?

Confesso que essa história demorou a me prender, e só houve boa guinada da metade da história em diante. E, desse ponto até o final, li de forma muito rápida. Gostei bastante da maneira a qual as escritoras apresentaram os desdobramentos da trama e como ela foi finalizada. Não esperava muito, mas recebi um bom presente de leitura.

8º Os versos satânicos, de Salman Rushdie

A história aborda a queda do céu ao chão de dois homens, indianos e atores, após a explosão de um avião por terroristas. Contudo, ambos sobreviveram e ocuparam lados opostos em sua nova vida assim que tocaram no solo: um foi para o lado do bem e o outro, o do mal; um tornou-se algo parecido a um anjo, o outro com o diabo. Você consegue imaginar as consequências de suas novas vidas e como elas se entrelaçam na sociedade? Cabe um parêntese: este é o livro que, infelizmente, culminou no ataque quase fatal contra o escritor, há poucos anos, como retaliação por suas opiniões para lá de controversas.

Todo e qualquer livro de Salman, e este não é exceção, deve ser lido com muita calma e atenção, pois é fácil perder o fio da meada e a história, em algum momento, parar de fazer sentido. Sua linguagem não é rebuscada, mas você não terá contato com uma escrita simplificada. Rushdie eleva sua imaginação aos extremos.

7º O Tigre Branco, de Aravind Adiga

Já tinha assistido ao filme há algum tempo, mas gostei bem mais do livro. No livro, deu para sentir os cheiros, os costumes e as cores da cultura indiana só pelas palavras, pelo imaginário provocado por Aravind. Na história, um homem de origem humilde ascendeu ao sucesso em pouco tempo, passando de motorista de família a dono de uma frota de táxis (ou algo parecido a táxis). Percorrendo caminhos obscuros e cedendo a vontades represadas, essa história demonstra que a sanidade do homem depende muito mais do quão ele aguenta vindo de seu patrão do que da intensidade do que lhe é contrário.

Diferentemente de Rushdie, Adiga tem uma escrita mais leve e pendente para o que estamos acostumados no lado ocidental. Segue a premissa de três grandes atos, que é o modelo praticado habitualmente nos filmes de Hollywood. Neste livro, assim como em outros de Aravind, prepare-se para boas doses de humor e sarcasmo, além da realidade nua e crua retratada da Índia.

6º A paciente silenciosa, de Alex Michaelides

Sem rodeios, logo no começo do livro, você é transportado para um assassinato: Alicia, de 33 anos, deu cinco tiros em seu marido. Assim, na calada da noite. Após esse fato, não disse nenhuma palavra. Interessado em entender a situação e fazer Alicia falar, Theo Faber, um psicoterapeuta, utiliza todos os seus recursos possíveis e impossíveis para fazer dar certo. Um livro excelente que caberia numa adaptação cinematográfica.

Alex é uma escritora de fibra, que conseguiu imprimir em cada capítulo um anseio pela chegada do próximo capítulo. Se você perder a noção de tempo, consegue terminar o livro em poucas horas, pois a escrita é bem direta, sem floreios. Gostei bastante da experiência e entendo o porquê de o livro de feito certo sucesso.

5º Blue Bird, Blue Bird, de Attica Locke

Neste livro, combustível e faísca andam juntos: amor, temas raciais e justiça. Darren Matthews, um Texas Rangers negro, partiu em busca de respostas de dois assassinatos ocorridos em Lark, nos Estados Unidos, sendo o de um negro e de uma branca. Conflitos velados acontecem ao seu redor enquanto investiga as possíveis motivações para os assassinatos. Também passou a lidar com uma gangue que gosta de fazer justiça do seu próprio jeito. Livro não muito conhecido no Brasil, mas aclamado fora. Um tapa na cara dos racistas.

Embora existam escritores e escritoras brasileiros fantásticos na abordagem de temas raciais, essa história de Attica me pegou pelos pulsos e não me largou até eu termina-la. Como sou homem branco, não tenho real dimensão de como é estar sob a mira de racistas e quais os sentimentos revoltantes dessa repressão. Locke me colocou nesse lugar, e o resultado foi sufocante.

4º Uma mulher no escuro, de Raphael Montes

Qual seria a sua reação e seu posterior percurso de vida se você tivesse visto toda a sua família ser assassinada, tendo apenas quatro anos de idade, e com o assassino pichando os rostos de todos com tinta preta? Essa é a parte inicial da história de Victoria Bravo, personagem principal do livro. A vida dela seguiu, mas o passado não a abandonou. Será que um dos três homens de seu convívio atual escondem algo?

De antemão, peço: valorize a cultura nacional e leia Raphael Montes. Quem não o conhece, vai curtir. Seu principal sucesso é Suicidas, seguido de Jantar Secreto – li ambos. O escritor recebe comparações com grandes nomes da literatura internacional, tais como Agatha Christie e Stephen King, e só por isso você já tem a dimensão do seu estilo.

3º A Ilha, de Adrian McKinty

A jovem e frágil Heather, casada com um médico bem de vida e recém-viúvo chamado Tom Baxter, passa a lidar com os filhos dele, que não a suportam e que sempre fazem comparações com a falecida mãe. A tensão aumenta quando viajam para uma ilha situada na Austrália, em que lá enfrentam as consequências de um acidente envolvendo moradores da região. A partir desse fato há uma caçada e luta pela sobrevivência.

Já conhecia Adrian por meio do livro A Corrente, também excepcional. O interessante nesse escritor é a velocidade com que ele imprime as ações dos personagens; quando o cenário está calmo, emprega fatos que geram o caos e, até o caos entrar em ordem, a trama passou por profundas alterações. Você vai gostar de lê-lo, acredite!

2º Trilogia do Adeus, de João Anzanello Carrascoza

Foi o primeiro livro na vida que me fez chorar, pois Carrascoza é um escritor brasileiro capaz de tocar profundamente os corações mais endurecidos. Na história, temos João, que escreveu uma carta para sua filha recém-nascida, Beatriz, como maneira de ela conviver com o pai quando ele não estiver mais vivo. Na segunda parte da história, Beatriz escreve sobre o relacionamento com o pai, do seu ponto de vista, e, por fim, na última parte temos Mateus, irmão de Bia, que narra a história do seu João (seu filho).

Carrascoza escreve como se você fosse o melhor amigo dele. É como se ele te puxasse para tomar um café ou uma cerveja numa tarde qualquer e te contasse causos da própria vida de maneira calma e detalhada, ao pé do ouvido, olho no olho. É como se ele lacrimejasse a cada trecho e te levasse a fazer o mesmo. Não à toa, é um dos escritores brasileiros mais respeitados da atualidade.

Novembro de 63, de Stephen King

Entre os melhores livros de King, sem dúvida alguma, ainda que não haja nada de fantasmas, nem do terror característico do autor. Jake Epping, um professor de inglês, foi chamado por seu amigo Al, dono de uma lanchonete barata e bem (ou mal) frequentada, para a grande missão de sua vida: deter o assassinato de John F. Kennedy — pois o próprio Al não poderia fazê-lo. No melhor estilo efeito borboleta, Jake atravessou um portal escondido na despensa da lanchonete e passou a calcular os passos de Lee Harvey Oswald, o assassino de JK. Porém, chegou cinco anos antes de novembro de 1963, tempo mais que suficiente não só para avaliar o terreno, como também para viver novas amizades e amores.

Meu amor pela literatura teve grande explosão com O Iluminado, depois Carrie e, por fim, a Dança da Morte – além de toda a saga Torre Negra. E todas as características dos livros de King estão presentes em Novembro de 63: personagens complexos, cenários extremamente detalhados e situações que você não imaginaria se estivesse no lugar dele.

E você, já leu algum desses?

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