Quais são os seus reais valores?

Cresci em uma casa muito acolhedora. Fato.

Minha mãe e meu pai sempre foram meus grandes parceiros de vida e, embora a gente nunca tivesse muito disso de abraçar e beijar, o carinho era/é transmitido de outras maneiras: preocupação genuína com nossas dores, alguma comida que a gente gosta, gestos de atenção e muitos outros foram/são uma constante para mim e minhas irmãs.

O começo da família teve origem numa casa simples e térrea. Lembro do piso do quintal feito de azulejos quebrados e emoldurados com cimento. Recordo da “laji” em que eu soltava pipa com meus amigos. Tenho fotos que me ajudam nas lembranças. Enfim, memória que o tempo vem borrando mais e mais, mas que nunca vão sumir, eu acho.

Aos poucos, meus pais economizaram o que podiam para subir a casa. E subiram meeeesmo. Tudo o que queriam era proporcionar conforto e aconchego, e isso cumpriram super bem. Tenho um orgulho danado deles!

Independentemente se com poucos ou muitos móveis, pouco ou muito espaço, com coisas chiques ou mais simples, na verdade, o principal legado deles foram os valores enquanto pessoa, sendo os principais – para mim – honestidade e trabalho.

Ser honesto é fundamental para estabelecermos boas relações, sejam elas pessoais ou profissionais. É possível ser parcialmente honesto? Bom, cada um pode ter resposta diferente, mas busquei em toda a minha vida encarar esse valor como um dos mais determinantes nas relações, embora eu tenha falhado absurdamente nos últimos anos no quesito amoroso – por insegurança, por uma cacetada de feridas ainda abertas. É foda.

No valor relativo ao trabalho, cresci vendo meus pais trabalharem muito para proporcionar condições dignas à família. Mesmo sem ensino superior, meu pai exercia papel de liderança em um colégio católico, sendo responsável pela tesouraria. No período mais áureo da escola em número de alunos, tinha a incumbência de cuidar da cobrança e do controle de pagamento de mais de quatro mil estudantes, sempre usando o bom senso para com os devedores. Nunca faltou um dia sequer, até onde me lembro, e em seus últimos dias de vida até de muleta chegou a trabalhar, tendo de subir mais de 30 degraus – calculo – para chegar à sua sala.

Minha mãe, por sua vez, começou a trabalhar para apoiar no orçamento doméstico, pois houve períodos em que meu pai ainda não havia encontrado a estabilidade. De pouco em pouco, conseguiu exercer papel fundamental para a casa em meio a uma época e cultura em que mulher era “só” dona do lar – profissão difícil, diga-se de passagem. Conseguiu independência e, com méritos, o reconhecimento não só da família, mas de todos ao redor.

Honestidade e trabalho, palavras que devem sempre andar juntas. Honestidade e trabalho para a vida pessoal e profissional. Nem mais, nem menos.

Meus maiores valores não são materiais, e nunca serão. Tenho a certeza de que, daqui a alguns anos, se eu olhar para os dias atuais, não encararei casa, carro, objetos e outros com o mesmo olhar que encaro meus filhos, minha família, meus amigos. Meus valores estão além do que os olhos podem enxergar.

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